Todo fã já desejou ser um mosquito no quarto de seu ídolo, estar presente nos momentos íntimos, saber como ele é quando não está sob os holofotes. Os fãs de Freddie Mercury podem alcançar algo bem próximo com a leitura de Freddie Mercury – memórias do homem que o conhecia melhor.
O autor, Peter Freestone, trabalhou como assistente pessoal de Freddie por doze anos, até a a morte do cantor. A convivência entre os dois transformou o relacionamento de trabalho em uma grande amizade – e é isso que Freestone retrata nesse livro.
É óbvio que, como fonte de informação precisa sobre Freddie, esse livro não poderia ser mais duvidoso. Primeiro, porque é parcial: a história começa em 1979, quando o Queen já tinha nove anos de estrada e Freddie Mercury já era um rockstar. Segundo, porque o afeto e a admiração que o biógrafo sentia pelo cantor o impedem de um ponto de vista isento.
Mas isso não torna a obra desinteressante. Muito pelo contrário. A posição privilegiada de Peter Freestone ao contar sua história com o vocalista do Queen faz com que o leitor se sinta lá, no quarto de Freddie Mercury com seus gatos, nas festas de Natal que ele oferecia aos amigos, nos bastidores das gravações dos videoclipes... O autor não poupa detalhes como sua rotina comprando drogas para Freddie e seus convidados nas festas, ou fatos da vida sexual agitada do cantor. Mas o que sobressai é o relato da vida particular do vocalista entre um grupo de amigos que se tornou sua família, com suas alegrias, suas dificuldades, seus gostos e suas manias. As memórias terminam com a narração comovente da luta de Freddie contra a AIDS e sua morte em 1991.
No final, há um epílogo contando o encontro de Peter e Freddie com Michael Jackson, capítulo que já se anuncia na capa do livro – uma jogada de marketing realmente desnecessária diante da figura de Freddie Mercury e da riqueza de detalhes da obra.
Talvez seja por conta do imenso carisma de seu vocalista que os biógrafos prefiram falar sobre ele a contar a trajetória do Queen, mesmo com toda a importância do grupo para a história do rock. E esse é, de fato, o único dissabor desse livro: ser mais uma entre um mar de obras sobre o vocalista do Queen, quando poderia ser um dos raros trabalhos sobre essa grande banda.