Entrevista

Entrevista CARCASS

Formado há mais de três décadas, o Carcass se tornou uma espécie de bastião da música extrema, graças a uma sequência de lançamentos avassaladora. Construindo um público cativo ao redor do mundo com os álbuns Reek of Putrefaction (1988), Symphonies of Sickness (1989), Necroticism – Descanting the Insalubrious (1991) e Heartwork (1993), viu sua popularidade se manter intacta mesmo após um hiato de mais de uma década, ocorrido entre os anos de 1996 e 2007.

O retorno, aliado à sensacional recepção do público, resultou no álbum Surgical Steel (2013), disco que foi considerado um dos melhores da carreira de uma banda já consagrada na história da música extrema. Transitando entre o death metal tradicional e o grind, até hoje o Carcass segue sendo uma das maiores referências para novas bandas, graças a um legado que o público brasileiro terá mais uma vez a chance de conferir ao vivo.

No Brasil pela terceira vez na carreira, o Carcass é uma das principais atrações do Liberation Festival, evento que ainda terá a banda brasileira Test, o grupo alemão Heaven Shall Burn, os americanos do Lamb of God e uma das maiores lendas da história do heavy metal, King Diamond, que apresentará o clássico álbum Abigail na íntegra.

Antes do evento, que acontece no próximo domingo, 25 de junho, conversamos com Bill Steer, guitarrista e um dos fundadores do Carcass, que falou sobre a passagem da banda pelo país e outros assuntos.

A expectativas para a nova turnê pelo país
Bill Steer: Quando realizamos nossas turnês nós não temos nenhuma expectativa na verdade. Existem coisas que vão acontecendo e surpresas vem aparecendo ao longo do caminho. Isso é o principal, estarmos sempre olhando para frente. Memórias das outras turnês do Carcass pelo Brasil? Sim, temos muitas! Impossível esquecer das ótimas pessoas que conhecemos nessas viagens e a ótima receptividade que o público teve conosco quando tocamos. 

Um festival ao lado de King Diamond
Bill Steer: Sim, alguns de nós da banda somos fãs do Mercyful Fate e, como extensão de sua carreira, dos álbuns do King Diamond também. Não sou um especialista sobre toda sua carreira, mas posso dizer com certeza que seu legado influenciou tremendamente todo o Heavy Metal. King Diamond é uma entidade única e sua música soube envelhecer.

O retorno com Surgical Steel
Bill Steer: Nós todos fomos surpreendidos com a resposta do público com Surgical Steel. Nós certamente acreditávamos ter feito um bom disco, mas não fazíamos ideia de como isso seria recebido, então pode ter certeza que fomos (e somos) muito gratos por tudo isso. Quanto a um novo projeto, pretendemos gravar um novo álbum em algum momento nesse ano.

O retorno de novos formatos
Bill Steer: Tudo o que posso dizer é que agora sabemos como a cultura da internet afetou o mundo da música. Pessoalmente não sinto que devemos perder o tempo reclamando sobre isso.

Algumas bandas e artistas – incluindo o Carcass – tiveram sorte no sentido de que nosso segmento compreende o tipo de pessoas que gostam de possuir o disco físico – por exemplo, um disco de vinil, um K7 ou até um daqueles singles similares a um compacto. Talvez esse último seja um pouco mais incomum nos dias de hoje.

A música de Liverpool e o Carcass
Bill Steer: Confesso que não ouço novas bandas britânicas há um bom tempo. Acredito que as bandas escandinavas e do leste europeu são muito promissoras atualmente, mas é algo que também não tenho acompanhado nos últimos tempos. Essa ideia da “música de Liverpool” foi superada, em parte, por nossa banda. Nenhum de nós é (e nunca foi) de lá, nos conhecemos e começamos como uma banda do noroeste da Inglaterra e chegamos em Liverpool sendo vistos como uma piada.

A morte de Lemmy e grandes nomes do rock
Bill Steer: Infelizmente nunca conheci Lemmy, mas o Motorhead foi uma das primeiras bandas que ouvi quando era criança. O EP Golden Years foi o primeiro disco de vinil na vida que paguei para ter. Naturalmente é triste quando pessoas que te influenciaram tanto desaparecem, e mesmo hoje não sei realmente como absorver tudo isso.

Realização e novos projetos
Bill Steer: Sim, há muitas coisas que provavelmente faremos daqui para frente, mas não podemos reclamar, nossa banda pode ser considerar muito afortunada ao longo dos anos. Fizemos tantas coisas que nunca imaginamos que um dia conseguiríamos.

E se a personagem Phoebe (personagem do seriado Friends) tivesse mesmo convidado mesmo o Carcass para tocar em seu casamento?
Bill Steer: Claro que tocaríamos! A banda estava separada há um  tempo quando esse episódio foi exibido na série e eu não possuía uma televisão naquele momento, mas depois muitas pessoas me contaram sobre essa cena. A coisa toda parecia estranha, mas acho que de alguma forma passaram a nos ver como algo divertido de uma forma ou de outra.

Futuro
Bill Steer: Nós temos alguns festivais ainda esse ano, além de ocasionalmente alguns shows isolados, mas mais que tudo tenho esperança de trabalharmos em um novo álbum.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.