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Jagger: A Biografia (Autor: Marc Spitz)

Para aqueles que são fãs de biografias dos grandes nomes do rock, Marc Spitz não é um desconhecido. Responsável por obras que revelam mais sobre a intimidade de artistas como David Bowie, Beatles e The Smiths, o escritor americano se tornou uma referência no mundo do rock, ainda que em certos temas se aproxime perigosamente do “lado fã” e acabe se isente em passagens mais polêmicas da vida de um grande nome do rock.

Em Jagger: A Biografia, lançado no Brasil em 2012 pela editora Benvirá, Marc dissseca a história do lendário vocalista dos Rolling Stones em pouco mais de 300 páginas. Esse processo acontece com um ótimo texto e que proporciona uma leitura leve e fácil, essencial para fãs mais novos da banda inglesa.

Em sua obra, Marc Spitz aproveita o foco no vocalista (e não na banda) para explorar não só talento musical de Mick Jagger, mas sua capacidade como administador e figura essencial do showbusiness, o que acaba se tornando um problema do livro em alguns momentos. Ao exagerar no processo de tentar transformar o líder dos Stones em uma espécie de semi-Deus do rock, principalmente ao não se aprofundar em polêmicas relacionadas à banda, o autor acaba minimizando episódios importantes da história do grupo e em certos momentos fica mais evidente seu lado fã.

Diferente de Vida, autobiografia de Keith Richards também lançada no Brasil, parte dos erros e polêmicas envolvendo Mick Jagger são atribuídos muito mais à banda do que pelo próprio vocalista, deixando ainda mais clara a admiração o escrito pelo artista. Outro problema ocorre quando a fase mais questionada da banda, durante a década de 80, parece ser tratada como essencial para os fãs e incompreendida pelos críticos.

Com uma análise superficial de parte da discografia dos Stones, Marc Spitz revela elementos que foram catalisados em um período tenso na história do grupo, quando relacionamentos e problemas com drogas quase implodiram a banda. Nesse caso em específico, a modelo Anita Pallenberg é praticamente demonizada pelo autor, que a coloca como vilã central de vários episódios, ainda que tente evitar isso diretamente.

Mesmo assim, Jagger: A Biografia não deixa de ser um bom livro. Longe disso, a obra de Marc Spitz serve justamente para dar um apanhado rápido sobre uma das maiores personalidades do século XX. Amado em todo o planeta, o vocalista não tem sua imagem nem um pouco arranhada na obra justamente por não haver tempo para isso. Conquistador e às vezes manipulador, fica difícil não s encantar com toda a capacidade de Mick para conduzir uma das maiores bandas da história ao longo de mais de cinco décadas.

Considerando a gama de material relacionado à banda inglesa disponível no mercado, Jagger: A Biografia é um bom início para quem deseja começar a se aprofundar na história do grupo mergulhando especificamente por seu vocalista.

Dotado de um respaldo natural para descrever diversos episódios da carreira de ícones do rock, Marc Spitz pode até exagerar no processo de construção do mito em torno do artista em alguns momentos, mas inegavelmente realiza um processo de pesquisa que elucidam de forma rápida passagens importantes de uma carreira. Jagger: A Biografia é essencial para quem ao redor do globo se propõe a usar uma camiseta com a emblemática língua dos Stones, encomendada a um designer no início da década de 70 para se antiautoridade e sexy, exatamente o que a banda viria a se tornar nos anos seguintes.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.