Sala Especial

Jon Lord – O descanso do mito

Um dos maiores mitos da história do rock, Jon Lord, fundador e ex-integrante do Deep Purple, faleceu nessa segunda-feira (16) vítima de uma embolia pulmonar resultante de complicações de sua longa batalha contra um câncer no pâncreas.

Mais que um dos mais importantes membros da história do Deep Purple e, posteriormente, também do Whitesnake, Jon Lord foi responsável por inserir de forma categórica a figura do tecladista dentro de uma banda de rock. Um dos poucos nomes a duelar com o virtuoso Ritchie Blackmore em posse de seu lendário órgão Hammond, o tecladista é responsável por momentos seminais na carreira da banda, entre eles os álbuns Machine Head e Fireball. De instrumento para suporte, o teclado de Jon Lord ganhou o primeiro plano e fez com que sua imagem servisse de referência para todas as gerações seguintes.

Jon permaneceu ao lado do Purple até o fim da década de 90, sendo substituído por Don Airey, mas seu trabalho nunca se limitou ao hard rock dos ingleses. Além dos ecos de blues que implantou no som de sua principal banda, o tecladista soube explorar ainda mais isso em trabalhos particulares, assim como uma das suas maiores paixões: a música clássica, muito bem representada na década de 70, quando gravou Sarabande (1976) e realizou grandes concertos ao lado de orquestras, inclusive com o Deep Purple, como no clássico Concerto for Group & Orchestra, um grande marco de sua história.

Amante do blues, Jon colecionou homenagens e encerrou sua carreira com um tributo aos grandes nomes da história lançando em 2011 seu Jon Lord Blues Project Live, projeto que trouxe em seu repertório alguns clássicos aliados aos hinos desenvolvidos com sua ex-banda.

É impossível tentar enumerar a quantidade de grandes artistas com quem o tecladista chegou a trabalhar, seja do recente supergrupo Who Cares! ou com seu trabalho pelo Whitesnake, a quantidade de parcerias em discos pontuais da carreira de importantes músicos é imensurável, mas como curiosidade vale lembrar que Jon trabalhou em álbuns seminais da história do rock como o homônimo do Kinks, lançado na década de 60 e que trouxe nada menos que You Really Got Me em seu repertório. David Gilmour e George Harrison foram outros que contaram com sua magia em alguns trabalhos.

A morte de Jon Lord será para sempre motivo de lágrimas e lembranças no mundo da música, seu rosto emblemático e a peculiar forma de tocar só não são maiores que a personalidade que conquistou fãs dentro de todas as vertentes da música, o que lhe rendeu o título “maior cavalheiro da música” por diversos artistas. A comoção causada nesse dia apenas engrandece o fato de ter existido o privilégio de vê-lo tocar ao vivo por diversas vezes. No Brasil, fica a lembrança de sua última passagem, quando se apresentou na Virada Cultural fazendo a alegria de gerações.

Jon Lord partiu para mais um grande concerto, talvez o maior de sua vida, ele parte enquanto o rock permanece com um vazio difícil de ser preenchido, mas ciente de que um legado tão bonita nunca será esquecido.

A história do eterno tecladista do Deep Puprle não termina aqui, ela apenas começa a ser contada de outra forma, afinal, sua maior obra não foi criar um clássico do rock, mas uma música que nunca se acaba, que vive dentro de cada um.

Tags

About the author

Avatar

Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.