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Louis Armstrong – O homem que rejuvenesceu o jazz

Pronunciar o nome de Louis Armstrong, um dos maiores expoentes da história do jazz, é remeter imediatamente àquela voz rouca que marcou história e ao hino What Wonderful World, considerada uma das mais bonitas músicas de todos os tempos e que foi imortalizada na trilha do filme Bom Dia Vietnã (1988), rendendo um Grammy a Louis duas décadas de tê-la gravado.

Responsável por muito mais do que uma pequena porção de músicas que até hoje embalam coletâneas de jazz, o trompetista de New Orleans é, provavelmente, um dos nomes mais obscuros aos olhos do mundo contemporâneo devido à facilidade em se buscar algo e não digerí-lo em várias audições como antigamente. Em outras palavras, tornou-se comum associar a imagem de Louis a uma música e mais nada.

Dono de personalidade forte, Louis Armstrong elevou o jazz a um patamar inimaginável aem sua época quando, depois de ver o gênero se tornar datado a uma faixa etária mais avançada, trouxe-o novamente às principais paradas de sucesso e aproximou-se do público mais jovem. Para se ter uma ideia da façanha de Louis, a faixa Hello, Dolly desbancou os Beatles das paradas em 1964, em pleno auge da beatlemania…

Dentro de seu sorriso tão simbólico, o músico não chegou a ser considerado o ás do trompete e também não foi o mais popular nome de sua geração, mas seu engajamento e vontade de fazer música o tornaram um dos maiores nomes da história do jazz. Para alguém que cresceu em meio a mafiosos, bandidos e dono de uma vida quase bandida, Louis desafiou a realidade transformando o jazz na menina dos olhos de New Orleans e, posteriormente, do mundo.

Mas o mérito do trompetista de New Orleans não foi somente explorar o jazz, foi transformá-lo em algo maior, caminhar com o blues e pelas óperas chocando os puristas com uma música difícil de ser definida, mas que agradava uma juventude rebelde que crescia em um dos períodos de maior ebulição dos Estados Unidos.

Entre os inúmeros clássicos de Louis, Stardust, a canção popular When The Saints Go Marching In, Dream a Little Dream of Me e Ain’t Misbehavin se destacam em mais de 15 álbuns lançados, a maioria obscuro até hoje.

Cheio de boas histórias, Louis chegou a participar de várias produções da Era de Ouro Hollywoodiana, além de ser o primeiro artista a ter um programa de rádio transmitido para todo país. Conta a lenda que certa vez Louis, no auge de sua popularidade e bastante adepto do uso de maconha, necessitava embarcar em um avião e estava receoso em passar pela revista do aeroporto, foi quando o presidente dos Estados Unidos e sua comitiva o encontraram no local e vieram saudá-lo. Na ocasião, o trompetista não pensou duas vezes, agradeceu ao presidente e pediu-lhe para levar a mala até o avião, não sendo revistado…

Décadas após sua morte, Louis ainda é referência na música e seu legado se adaptou às tecnologias contemporâneas, se tornando trilha de comerciais e até jogos de vídeo-game, como em Fallout 2, um RPG inspirado na década de 50 e lançado pela Bethesda Game Studios. Além disso, até hoje obras de seu catálogo seguem sendo remasterizadas e apresentando seu legado ao público mais jovem.

Louis Armstrong morreu em julho de 1971, aos 69 anos, seis meses após realizar seu último show, lançado recentemente em CD. Vítima da própria teimosia, o trompetista sempre adorou desafiar os médicos ao afirmar que não pararia de tocar seu trompete porque era a única coisa que fazia na vida.

No Brasil, a vida de Louis Armstrong foi muito bem retratada na biografia escrita por Terry Teachout e intitulada Pops – A Vida de Louis Armstrong e lançada pela editora Larrousse no país. Nunca é tarde para começar a se explorar a obra de grandes artistas, principalmente quando estamos falando de um dos nomes mais importantes de um gênero tão rebuscado como o jazz.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.