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Mineral | Histórico como um filme triste

Considerada a Pedra de Rosetta do emocore, o grupo norte-americano MINERAL vem ao Brasil pela primeira vez escrever mais um capítulo de sua história, uma trajetória que pavimentou o caminho do emocore, que segue até hoje como uma das vertentes mais populares do mundo.

Nos próximos dias, entre 23 e 25 de agosto, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba terão a chance de conferir a primeira e já histórica passagem dos veteranos do Mineral pelo Brasil. Dona de uma curta e refinada discografia, a banda liderada pelo vocalista e guitarrista Chris Simpson surge no calendário brasileiro após uma sequência bem-sucedida de turnês realizadas por artistas responsáveis por dar sequência ao gênero pavimentado por seu grupo ainda no início da década de 90.

Parece irônico, mas talvez nem os próprios integrantes do Mineral tenham percebido na época o importância de sua história. Ao criar uma música pautada pela alternância de melodias leves e pesadas, tão marcante no rock americano nos anos 90 em função do boom movimento grunge, e apostado em vocais melódicos, o grupo acabou definindo o que esteticamente se tornaria o emocore nos anos seguintes. Associado frequentemente à cena alternativa da época, o Mineral lançou dois álbuns, The Power of Failing, de 1995, e EndSerenading, de 1998, abrindo caminho para a vertente do rock mais ouvido na virada do século. E então acabou.

Sem muito alarde, o hiato do Mineral a partir do lançamento de seu segundo álbum acabou acontecendo simplesmente para que seus integrantes se dedicassem a outros projetos e talvez nem mesmo integrantes tivessem ideia de tudo o que estaria por vir. Esse período de hibernação ganhou um suspiro mais de uma década depois, em 2010, quando a banda lançou uma compilação baseada em seus dois álbuns, mas só despertou de verdade em 2014, quando retornou aos palcos.

Hoje uma referência pra qualquer fã de emocore, o Mineral segue excursionando para celebrar os 25 anos de história de seu primeiro disco, além do lançamento de um livro retrospectivo sobre a história da banda e dois novos singles, das faixas Aurora e Your Body Is the World.

Formado em Austin, no Texas, o Mineral muitas vezes tem a alcunha de “Pai do Emo” dividida com outro grupo da época, o Sunny Day Real State, formado em Washington. Ainda que a sonoridade de ambos se diferencie em vários aspectos, ambos fizeram parte de um período de ebulição da cena alternativa americana com grupos que, bizarramente, nunca emergiram como aqueles que influenciaram.

O que define o Mineral como um pilar do emocore vai muito além da estética musical do grupo, com letras inteligentes, soube como poucos retratar a angústia jovem da época, período marcado por inúmeras mudanças sociais iniciadas no fim dos anos 80. A turnê de reunião da banda, há cinco anos, ganhou destaque especialmente na classe artística, que viu uma de suas maiores influências retornar aos palcos. O público, claro, festeja esse momento.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.