Livro

Aconteceu em Woodstock (Autor: Elliot Tiber)

Em 1969, uma multidão – quase meio milhão de pessoas – se reuniu em uma fazenda na cidadezinha de Bethel, no Estado de Nova York, para ver 32 shows. Foram três dias de chuva e rock and roll que marcaram a história. Só quem esteve em Woodstock sabe a loucura que foi aquele festival. Foi partindo desse princípio que Peter Fornatale compôs seu livro, Woodstock, com dezenas de depoimentos de gente envolvida em todos os setores do evento: produtores, funcionários, músicos, antigos hippies, curiosos….

A leitura vem a calhar, já que em 2009 se comemoram 40 anos do festival. A propósito do aniversário do evento, o cineasta Ang Lee lançou o filme Aconteceu em Woodstock, baseado no romance autobiográfico de Eliott Tiber.

O livro de Fornatale é bem dividido em seções – por dia de evento e pelo show de cada artista. A precisão nunca é aleatória – e, nesse caso, o intuito do autor é fazer o retrato mais fiel possível de Woodstock, separando fato de ficção. Isso se revela também na diversidade e quantidade de fontes de informação: 110 pessoas listadas antes do início do relato. Os depoimentos são inseridos entre os parágrafos do texto, para ilustrar ou comentar um fato contado pelo autor.

Woodstock tem poucas fotos, mas uma riqueza muito grande de detalhes, histórias e impressões de todo o tipo. Desde comentários de gente que saiu decepcionada do evento a histórias de bebedeiras e medo de voar – já que os músicos eram levados à fazenda onde acontecia o festival num helicóptero. Mas o enfoque maior é dado na música. A parte mais divertida é a em que os próprios integrantes do Grateful Dead contam como foi seu malsucedido show, em que a chuva era tanta que os instrumentos davam choques.

Talvez o pecado deste livro seja justamente essa perspectiva organizadamente histórica – que foge completamente ao espírito de um evento quase improvisado no meio da lama, um evento cuja dimensão foi aumentando sem que os próprios organizadores se dessem conta. A perspectiva da obra parece muito distante de Woodstock, ainda que apresente mais de uma centena de personagens que lá estiveram.

Já se disse que se alguém consegue se lembrar dos anos 60, é porque não estava lá. Em Woodstock, Peter Fornatale consegue o feito dificílimo de revelar os acontecimentos do festival de forma isenta. Vale como contraponto a tantos filmes e livros já lançados sobre aquela década em que história e ficção se misturam tanto a ponto de a gente não saber onde começa uma e termina outra.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.