Entrevista

Entrevista BÁRBARA EUGÊNIA

Sabe aquela sensação de começar o dia com um baita frio, ver a temperatura subir e no início da tarde sentir calor para que no início da noite volte a sentir frio novamente? Não é exatamente isso, mas é o sentimento de mudança é o que guia o novo álbum de Bárbara Eugênia, uma das mais inventivas artistas da nova safra da música brasileira e que lançou recentemente o delicioso TUDA.

Do beat eletrônico ao mais orgânico maracatu. Do pop ao soul, TUDA é o retrato de uma artista que construiu uma obra que bebe de tantas vertentes que se torna incapaz de ser rotulada, especialmente pela capacidade de não se perder por tantos labirintos musicais. Natural de Niterói, no RJ, Bárbara se inspira nas pistas de dança, histórias de amor e na vida na cidade grande no século 21. Poderia ser São Paulo, poderia ser o RJ, mas seu horizonte nos conduz além das fronteiras da música brasileira.

Explorando a magia da música latina, canta em espanhol, tal qual compõe no mesmo idioma, como em Por La Luz y Por Tierra, um dos destaques de seu ótimo quarto álbum.

E aproveitando esse momento tão incrível da carreira, conversa com o Passagem de Som para contar como se deu sua nova aventura musical.

A identidade de TUDA
Bárbara Eugênia: Meus discos sempre tiveram uma diversidade grande de ritmos, mas sempre mais ou menos os mesmos… rock, blues, bolero, canção… agora temos uma outra variedade, mais Brasil né? Tudo isso faz parte de mim, são influências que tenho há tempos, sons que quis explorar. Mas como fazem mesmo parte de mim, não tem isso de perder foco… tá tudo bem focadinho dentro da miscelânea toda.

A relação com a música latina e a parceria com a banda Onda Vaga em TUDA
Bárbara Eugênia: Sou muito fã da banda Onda Vaga, faz anos! Também é um tipo de som que me pega muito. Foi lindo poder trazer isso pro disco. A faixa Sol de Verano eu gravei faz uns anos para uma coletânea de fora em homenagem a cantora Jeanette. Mas ela ficou bem desconhecida, então resolvemos trazer para o disco, já casando aí com a música com o Onda Vaga.

Nessa ocasião eu mandei a música pros meninos do Onda Vaga e eles curtiram, e quando vi estava lá em Buenos Aires gravando com eles. Foi bem lindo o processo todo, eles foram muito generosos e legais. Desde que comecei a cantar quero viajar pela América do Sul. Infelizmente esse intercâmbio ainda é muito difícil e precário. A gente devia se juntar mais, trocar mais. Mas ainda é complicado, não existem facilidades ou incentivos dos governos pra isso.

A expectativa de levar TUDA para o palco
Bárbara Eugênia: Tento não trabalhar com expectativa, o que tenho é a realidade mesmo. Os ensaios estão ficando muito legais, vai ser mais orgânico no palco, mas o beat tá lá.

Bárbara Eugênia é MPB?
Bárbara Eugênia: Não precisa rotular tanto né? É música. É popular. É isso…

Música é resistência?
Bárbara Eugênia: Viver é resistência. resistência de com para e pelo amor.

A voz como protagonista em TUDA
Bárbara Eugênia: Não tenho essa percepção de que minha voz e interpretação soam 100% como protagonistas. Cada artista é de um jeito… não tenho como falar pelos outros. Mas por mim, não vejo esse desafio.

Os formatos de TUDA
Bárbara Eugênia: Por enquanto não teremos disco físico. CD é algo que não vejo função nenhuma. Já o formato em vinil eu amo, mas é pra poucos, infelizmente. O controle (do digital) fica pela distribuidora né? Fica tudo centralizado numa plataforma só que lança nas outras. É bem fácil de usar, só ainda não somos remunerados como deveríamos.

TUDA no palco
Bárbara Eugênia: Ahhh, isso só vendo o show (risos). Acho que a questão estética sempre foi importante. Seja ela qual for. Tudo faz parte do todo. O momento só penso em tocar, tocar, tocar, tocar, tocar!

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.