Entrevista

Entrevista MOLHO NEGRO

Vem aí o Lollapalooza 2019! Um dos principais festivais do extenso calendário nacional, o evento será realizado durante os dias 05, 06 e 07 de abril, novamente no Autódromo de Interlagos, levando ao palco nomes como Kendrick Lamar, que vem ao país pela primeira vez, os ingleses do Arctic Monkeys e o grupo americano Kings of Leon. Com uma escalação poderosa, o festival vem com a linha de frente do rock nacional, abrindo espaço para um dos grupos mais celebrados da cena alternativa, o Molho Negro, que levará ao palco faixas de seu último álbum, Normal, lançado em 2018.

Formado por João Lemos (voz, guitarra), Raony Pinheiro (baixo) e Augusto Oliveira (bateria), o Molho Negro apresenta uma música rápida, permeado por letras cheias de ironia. Foi com essa fórmula que o trio alçou destaque na cena alternativa e garantiu seu espaço no festival, onde se apresenta na sexta-feira (05), mesma data que o Arctic Monkeys.

O Passagem de Som conversou com João Lemos sobre a expectativa da banda para o festival, além da divulgação do álbum Normal e outros assuntos. E essa entrevista você confere agora!

As expectativas pela apresentação no Lollapalooza
João Lemos: Eu gostaria de ver a St. Vincent e o Kendrick Lamar, são artistas que eu acompanho e fico feliz de ter a oportunidade de ver ao vivo. Sobre a exposição e a expectativa, eu confesso que tento não fixar muito nisso, mas de fato é algo que mesmo antes de acontecer já chamou a atenção das pessoas pra banda e etc isso já deu pra notar!

O feedback sobre o álbum “Normal
João Lemos: Tem sido bem legal fazer a divulgação do álbum, o momento do show é onde as pessoas respondem pra você o que elas acham e como elas se relacionam com a sua música. Esse disco é um disco intenso, isso acaba refletindo na hora do show, eu acho legal ver as pessoas reagindo intensamente porque foi a maneira qual eu aprendi a lidar com música também.

A pluralidade de vertentes musicais no Lolla
João Lemos: Eu coloquei na minha cabeça que existe um limite de até onde isso tudo pode interferir no meu comportamento e o comportamento da banda, então acho que o nosso objetivo lá é aproveitar pra tocar bem alto e para uma quantidade bem maior de pessoas algo que já vem sendo tocado em pequenas casas e clubes.

Se eu for fazer uma analise à fundo, eu não acho que a palavra diversidade seja a ideal, eu vejo diferentes sabores e cores do mesmo formato da música pop, e isso é do Tribalistas ao Bring Me the Horizon. Porém, não estou fazendo uma crítica, acho que pra condensar essa quantidade de gente no Brasil essa é a maneira que esses festivais descobriram dar certo e eu gosto de acreditar que, além da estética de power trio, guitarra e etc, a nossa banda possui ainda uma linguagem acessível, pop o suficiente pra se encaixar numa situação dessas também.

A importância dos grandes canais de comunicação e festivais hoje
João Lemos: São importantes porque ainda tem o poder de iconizar as pessoas e apresentam informação para muita gente, mas o funk está ai pra provar que não são fundamentais pra se ser mainstream.

O momento social e a música do Molho Negro
João Lemos: Isso acaba transparecendo, sem dúvidas, eu costumo escrever sobre o que me deixa com inveja, com raiva ou deprimido, e ultimamente muita coisa tem me deixado com raiva. Na hora de se escrever algo isso acaba aparecendo.

Novos caminhos musicais a partir da faixa Psycho, do álbum Normal
João Lemos: Já aconteceu algumas outras vezes com músicas como Miado e Bad vibes, que estão presentes em nossos discos anteriores. A gente acha legal, e de repente pode acontecer sim, não existe muita regra sobre como a banda deve soar.

A estrutura para shows no Brasil
João Lemos: Bem, depende de onde você se encontra nessa escala, não tem como comparar a Casa do Mancha com o main stage do Lollapalooza. Mas acredito que no geral e se falando de cultura, a gente vive um momento complicado de desmantelamento de instituições, o que em breve pode refletir sim em condições inferiores de trabalho pra maior parte de classe no Brasil, já que cultura alternativa no Brasil é algo que depende sim de muito investimento público pra existir

Molho Negro daqui para frente
João Lemos: A vida segue e a banda continua lançando discos, singles, tocando na maior quantidade de locais possíveis, às vezes durante a carreira existem dias como o Lollapalooza, mas são poucos, o importante de fato é o trabalho cotidiano feito show a show, disco a disco e conversa a conversa.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.