Steve Hackett dispensa apresentações, considerado um dos mais criativos guitarristas da história, se destacou com o seminal grupo de rock progressivo Genesis, dividindo espaço com Peter Gabriel e Phil Collins. Hackett gravou oito álbuns com o Genesis até formar um dos primeiros supergrupos da história, o GTR, ao lado de outro monstro da guitarra, o lendário Steve Howe do Yes.
Com uma carreira solo de quase 40 álbuns, Steve Hackett lançou em 2017 o elogiado The Night Siren, álbum que mostra o guitarrista em plena forma e sempre se recriando a cada lançamento, explorando cada vez mais vertentes como o flamenco. Com passagem marcada para o Brasil na próxima semana, o guitarrista inglês trará na bagagem, além de seu último álbum, clássicos do Genesis que mudaram a vida de seus fãs.
Antes disso o Passagem de Som falou com o Steve Hackett sobre seu novo álbum, suas parcerias e curiosidades da carreira, além de suas influências e muito mais.
Os shows no Brasil
Steve Hackett:
Em nosso novo show fazemos basicamente dois sets. A primeira parte dele
consiste principalmente em meu material solo, já no segundo exploro
faixas do Genesis, o que inclui algumas mais clássicas e outras das
minhas favoritas como Supper’s Ready, The Musical Box, Dancing with the Moonlit Knight e Firth of Fifth.
Toco algumas das minhas favoritas da carreira solo também, como Shadow of the Hierophant, Every Day, Please Don’t Touch e Icarus Ascending, assim como o single do GTR*, When the Heart Rules the Mind, finalizando com três faixas do meu último álbum.
NR: GTR foi o supergrupo formado por Steve Hackett em 1986 ao lado de Max Bacon (ex-Moby Dick, Nightwing e Bronz), o baixista Phil Spalding (ex-Bernie Torme, Toyah, Mike Oldfield e Original Mirrors) e o baterista Jonathan Mover (ex-Marillion).
A atuação como vocalista o álbum The Night Siren
Steve Hackett: Eu sempre fiz alguns vocais em minha carreira durante muitos anos. Já cantava na faixa Every Day,
lançada em 1979, inclusive. Mas recentemente eu trabalhei essa questão
de uma forma mais profunda e fiquei muito orgulhoso do resultado. Em The
Night Siren são duas canções, Behind the Smoke e In The Skeleton
Gallery.
O processo de composição em um mundo intolerante e caótico
Steve Hackett:
Sou um artista que gosta de se envolver em todos os processos da música
e tudo o que acontece no mundo reflete direto em minhas letras e
melodias. Nesse momento onde vivemos uma onda conservadora e
nacionalista, para mim é importante mostrar que através da mistura de
influências podemos fazer música com uma única unidade. E isso vai além
das letras, minha guitarra é uma extensão de meu coração e reflete a
maneira como me sinto sobre tudo.
O contato com os ritmos brasileiros
Steve Hackett: Eu sempre fui um grande fã dos ritmos brasileiros e essa paixão refletiu no uso deles quando fiz a gravação de meu álbum Till We Have Faces,
em 1984. Eu sempre apreciei ritmos de todo o mundo. Recentemente,
gravei algumas baterias na Índia, o que me impressionou bastante durante
todo o processo. Amo a emoção do Flamenco, que não a toa esteve
presente em meus dois últimos discos.
A importância do disco físico na era do streaming
Steve Hackett:
Para mim ainda é muito importante que existe o disco físico para o fã,
assim como para o músico. Quando você coloca um disco para tocar você
embarca em uma jornada completa, algo que não acontece quando ouve uma
playlist ou música isolada, por exemplo. O disco físico, além da questão
de qualidade sonora, também dá essa amplidão de obra completa para quem
a escuta.
A relevância dos membros do Genesis hoje em dia
Steve Hackett:
É algo simplesmente maravilhoso ver que os fãs ao redor do mundo sigam
tão apaixonados pela música que fizemos com o Genesis. Além disso sinto
muito orgulho do trabalho solo que cada um de nós realiza, tanto quando
suas escolhas com o material da banda que levamos para o palco. Ainda
tenho contato com todos eles de vez em quando.
O futuro da guitarra e do interesse pela música
Steve Hackett:
Minha preocupação na real não é exatamente com o interesse por
guitarras, mas pelas tendências que a tecnologia vem despertando sobre o
uso de instrumentos hoje em dia. Eu sinto que existe um certo clamor
por instrumentos eletrônicos para os músicos se desenvolverem, mas a
alma da música reside em instrumentos de verdade, como a guitarra. Eu
torço muito para que a essa paixão pela música nunca seja substituída
pelo eletrônico, isso só transformaria a música em algo cada vez mais
impessoal.
O contato com outras vertentes e o futuro da música
Steve Hackett:
Eu gosto muito de um guitarrista brasileiro chamado Raphael Rabello por
seu trabalho com Ney Matogrosso. Também acho que Joe Bonamassa seja um
excelente guitarrista de blues. Para mim, o futuro da música poderá ser
medido através das conexões que as pessoas realizaram com outros ao
redor do mundo.
Depois do Brasil
Steve Hackett:
Depois dos shows no Brasil vou continuar gravando meu próximo álbum
entre a turnê que segue pelo Japão, o Reino Unido e outros países da
Europa.