Entrevista

Entrevista STEVE ROTHERY

Discípulo de David Gilmour e um dos maiores guitarristas em atividade, Steve Rothery escreveu seu nome na história com um trabalho impecável realizado ao lado do lendário Marillion. Hoje com 58 anos, o músico inglês também construiu uma carreira paralela não tão extensa, mas de extrema qualidade com trabalhos ao vivo e, recententemente, com um disco de estúdio.

Aproveitando as raras pausas que tem, lançou o ótimo The Ghosts of Pripyat, trabalho que o impulsionou a uma turnê onde executa não só seus registros solo, mas faixas emblemáticas gravadas com o Marillion em sua primeira fase, ainda com o vocalista Fish. São clássicos como Cinderella Search, Incubus, Fugazi, Market Square Heroes e tantas outras que vivem enraizadas no imaginário do séquito público do guitarrista, que vem ao Brasil com sua banda solo pela primeira vez na carreira.

Acompanhado por Dave Foster (guitarra), Leon Parr (bateria), Yatim Halimi (baixo), Riccardo Romano (teclado) e Gabriel Agudo (vocal), Steve Rothery escreve mais um capítulo em sua estreita ligação com o público brasileiro. Uma ocasião única para conferir sua rica história em faixas incomuns no repertório atual do Marillion.

O Passagem de Som conversou com Steve Rothery sobre sua vinda ao Brasil como artista solo, sua paixão pela guitarra e tantos outros assuntos em uma belíssima entrevista.

A vinda ao Brasil com a Steve Rothery Band
Steve Rothery: Estou muito, muito empolgado em levar minha banda ao Brasil! Os shows que realizamos pela Europa foram incrivelmente bem recebidos e existe uma sensação diferente do público quando toco com essa banda. Nós estamos indo com um set dividido em duas partes, tocamos cinco faixas instrumentais do álbum The Ghosts of Pripyat e depois realizamos uma viagem por velhos clássicos do Marillion como Cinderella Search, Incubus, e Fugazi. Também poderemos tocar algumas faixas mais recentes como Easter e Afraid of Sunlight.

A diferença entre trabalhar com o Marillion e em uma carreira solo
Steve Rothery: Desde a primeira vez que toquei com o Marillion na carreira até o álbum Holyday´s Eden eu era o principal compositor das músicas da banda, então trabalhar em um álbum solo não é algo tão complicado para mim.

Quando você trabalha em uma banda como o Marillion há cinco indivíduos com ideias muito diferentes sobre música e você tem que se comprometer com a banda para evitar qualquer cisão nas ideias. Trabalhar em um disco solo te dá a condição de desenvolver novas ideias da maneira que deseja, por isso considero esse trabalho algo muito saudável.

A paixão pela guitarra
Steve Rothery: Desde quando completei 15 anos eu tinha certeza de que queria ser um guitarrista profissional. A música mexia comigo de uma forma que nenhuma outra coisa na vida conseguia. Me lembro perfeitamente de quando estava ouvindo o álbum Wish You Were Here do Pink Floyd em uma fita cassete na praia em Whitby e ter a certeza de que era isso que eu queria para a vida. Eu deixei os estudos com 16 anos e comecei a tocar guitarra dez horas por dia até que entrei para o Marillion, na época com apenas 19 anos.

A tecnologia pode ser inspiradora quando queremos criar novos sons, mas eu não sou um grande fã de amplificadores modernos como o Kemper. Prefiro aqueles onde você sente o som real da guitarra saindo pelo amplificador. Acredito que o melhor caminho seja combinar esse som antigo com alguma coisa nova, mas sem abandonar o real.

O novo rock progressivo
Steve Rothery: Tenho visto uma influência muito grande do rock progressivo no mainstream atual. Existem bandas muito boas que são chamadas hoje de neoprogressivas nesse cenário. Basicamente trata-se de tentar escrever música original e interessante fora dos padrões da música convencional.

O público da América do Sul
Steve Rothery: Acredito que o público da América do Sul seja um dos melhores do mundo! A paixão que vocês demonstram pelas músicas é algo incrível de se sentir quando se está no palco! Estou realmente ansioso em levar minha banda solo nos próximos dias para sentir isso novamente!

Nomes que inspiram
Steve Rothery: Eu ouço de vários músicos que a forma que toco influenciou o seu trabalho e os inspirou a seguir por um caminho específico, sou extremamente grato porque isso é algo maravilhoso de ouvir de um músico. Também tenho ouvido muitos artistas que transmitem coisas boas como Sufjan Stevens e Bon Iver.

O rock progressivo em um mundo dinâmico
Steve Rothery: Acredito que álbuns conceituais sejam mais atrativos para pessoas que procuram uma profundidade maior nas músicas e letras do que os principais sucessos de rock e pop que tocam no rádio. Muitos fãs mais novos não compram música e apenas ouvem suas faixas favoritas nas plataformas, isso é uma realidade. O problema é que o streaming não gera dinheiro suficiente para bandas sobreviverem, a não ser que você seja realmente muito popular. Acredito que quando você faz de um álbum algo especial, com uma ediçãoo diferenciada, você cria algo que é muito mais do que apenas músicas. É uma obra de arte!

Um sonho
Steve Rothery: Eu realmente gostaria de um dia trabalhar em uma trilha sonora para um filme. Não um desses blockbusters de cinema, mas algo que fosse realmente interessante.

Steve Rothery em 2018
Steve Rothery: O Marillion é uma das atrações do Cruise to the Edge, cruzeiro marítimo temático do Yes, depois seguiremos com uma curta turnê pela América do Norte. Logo após isso vou realizar alguns shows solo com a Steve Rothery Band em março também.

Depois o Marillion se apresentará no UK Theatre em abril e fará alguns shows no verão, quando também vou me apresentar com minha banda solo na Inglaterra com três shows. A partir disso é muito provável que a gente comece a trabalhar em um novo álbum porque temos uma turnê pela Alemanha em novembro.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.