Entrevista

Entrevista WAR INDUSTRIES INC

São pouco mais de 4 anos de história e muito já realizado. Bebendo de influências que vão do garage-rock sessentista ao blues mais psicodélico, o War Industries Inc. é mais uma daquelas bandas que provam que a música nacional vive hoje um momento de plena inspiração.

Formado pelo guitarrista/vocalista americano radicado no Brasil, Jim Boone, Willian Paiva (bateria, Hammerhead Blues e Leeds) e Derick Troia (baixo, Troia), o War Industries Inc. lançou o conceitual Legends From Turle Island em 2016 e após mudanças na formação vem trabalhando em novas faixas junto ao produtor Edu Recife. 

Jim Boone, vocalista do War Industries, conversou com o Passagem de Som sobre todas as novidades da banda e outros assuntos.

As novas produções do War Industries Inc. com Edu Recife
Jim Boone: Em alguns aspetos sim, porém, ainda estou trabalhando com o Edu Recife (produtor) e com ele já tenho um relacionamento mais maduro e com mais certeza do que vamos fazer e como faremos. Isso foi óbvio nos ensaios antes da gravação e mesmo na gravação em si. Agora, pensando se nosso segundo álbum foi mais difícil… não acho, pelo contrário. A parte mais difícil é na hora de criar uma nova musica de zero. Não sei de onde vem os ritmos, mas é um processo que não pode ser forçado. Acho que lá para o terceiro/quarto álbum esse processo criativo já começa ficar mais difícil porque é necessário evoluir e diferenciar as músicas. Não basta ficar fazendo a mesma coisa.

A produção de Legend from Turtle Island, um álbum conceitual
Jim Boone: Fazemos arte e acho que é muito importante unir as músicas em um álbum, refletindo o que é a banda naquela hora. É algo que está sendo perdido nos últimos anos, infelizmente. Quando eu encontro um novo artista que gosto, quero ouvir os álbuns do início e ouvir o progresso da banda. O trabalho sempre ganha mais valor se os álbuns estão conceituais.

A música como algo multimídia
Jim Boone: Acho que hoje é muito mais fácil de compartilhar fotos, arte, vídeos de ensaios e coisas assim. Essas mídias sociais são as ferramentas para banda independente conectar e se engajar com as pessoas. Tudo isso está criando uma revolução na cena de música independente, tirando as grandes gravadores fora.

As novas músicas
Jim Boone: As novas músicas foram recebidas muito bem, porém, foram poucas que já tocamos e, honestamente, difícil falar que contribuiu algo depois de tocar ao vivo. A maior contribuição para essa novas (depois que foram gravadas) foi trabalhando com Edu Recife (produtor) e ainda estamos finalizando.

Abraxas
Jim Boone: A Abraxas representa a música independente mesmo trabalhando com algumas bandas grandes internacionais. Os selos menores sempre são muito diferente do que os grandes. Sou muito contra os grandes, mas muito a favor dos menores que promovem um som, uma cena local. Para esses selos é mais sobre música que encaixa no som que acreditam. Nesse caso eles deixam os artistas livres no processo criativo e normalmente faz acordos mais justos. Já os grandes forçam mais a música na direção deles, que é sempre a mesma: mais produção, mais pop etc, além disso faz acordos somente para foder o artista. Para eles, é só negócio, matar ou morrer.

Agora, com todas a ferramentas que música independente tem em mãos, as grandes gravadoras estão perdendo market share a cada ano e morrendo. Eles desenvolvem novas fontes de renda, por exemplo, 360 contracts, e também estão utilizando as redes sociais, mas mesmo com tudo isso acontecendo os artistas estão percebendo que não precisam deles.

A renovação da música torta
Jim Boone: A música pesada sempre existiu e passou em vários fases. Mas quem gosta de thrash não necessariamente vai gostar de stoner. O tempo das músicas fica muito para trás e acredito que seja necessário sair desse andamento lento em todas as músicas. Mesma coisa com o thrash, tudo fica muito rápido, mas quando a música de repente muda, o som se fica mais pesado nesse momento. O stoner evoluiu focando nessa parte do som.

A importância do formato físico de um disco hoje
Jim Boone: Lançar um disco hoje com certeza é mais fácil. No WII, lançamos o primeiro disco completamente independente. Porém, sendo o primeiro disco que veio de nada (poucos shows antes do lançamento), não alcançou muitas pessoas, mas está online nos mesmos lugares onde todo mundo escuta a música hoje. No próximo estamos focando em um lançamento muito maior, com mais estratégia, engajamento nas redes sociais, previsões etc. Sobre o formato físico, acho necessário porque os fãs sempre querem coisas no formato físico.

Ser artista e ter uma banda em tempos de polarização
Jim Boone: Um dos meus grandes medos da era digital em que vivemos é que novas artistas ficam com medo de se expressar por causa disso. Ouvi o Trent Reznor falar isso e faz muito sentido. Não podemos nos preocupar com o que que as pessoas vão pensar, falar, reagir etc. Não adianta fazer uma arte só porque você acha que as pessoas vão gostar. Faça arte com a qual você seja apaixonado sem qualquer censura e esteja pronto para receber uma lata na cabeça!

Um novo ano na história do War Industries Inc.
Jim Boone: Fechamos 2017 com um show no 74 club no início de dezembro, em Santo André. Para 2018 vamos começar com lançamento de videoclipe para uma das novas músicas do novo disco e depois seu lançamento. Vamos fazer muito mais shows no ano que vem, que devem incluir algumas datas no exterior.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.