Iniciado na década de 60 em Minas Gerais, o Clube da Esquina é retratado em quadrinhos pelas mãos de Laudo Ferreira e Omar Vinõle e mostra porque segue até hoje sendo considerado um dos mais importantes momentos da história da música brasileira.
Um
dos maiores patrimônios da música mundial, o movimento conhecido Clube
da Esquina foi responsável por revelar ao mundo a obra de artistas que
até hoje encantam e servem de influência para toda uma geração de novos
artistas.
Milton Nascimento, Lô Borges, Toninho Horta e Beto
Guedes foram alguns dos nomes que definiram os rumos musicais de uma
geração influenciada por Rolling Stones e Beatles.
E toda essa
turma ganhou em 2011 uma obra que mostra de forma simples e criativa
como se deu o seu surgimento, ainda na década de 60. Idealizada pelo
desenhista Laudo Ferreira, de sucessos como Yeshuah e a adaptação do
filme À meia-noite encarnarei no seu cadáver, de José Mojica Marins, e o
arte-finalista Omar Viñole, de Rota dos Malês e Iron Maiden em
Quadrinhos, a HQ Histórias do Clube da Esquina é um registro de primeira
grandeza de um movimento que por sua simplicidade acabou tornando-se
difícil até mesmo de ser definido e explicado às gerações seguintes, mas
que é exposto com clareza em uma obra rica em detalhes.
Sem um
roteiro linear, Histórias do Clube da Esquina não tenta expor detalhes
daquela geração como se fosse a voz da verdade se aprofundando em cada
tema. Tudo é mostrado através de depoimentos de cada artista ao melhor
esquema de um “papo na esquina”, onde tudo é relembrado e conversas se
entrelaçam e se encaixam como um quebra-cabeça musical, capaz de situar o
leitor sobre o movimento sem superficialidade.
Composto de pouco
menos de 50 páginas, impressiona a quantidade de informação que a HQ
expõe em belíssimos desenhos e um roteiro bem elaborado, que conta a
origem de faixas emblemáticas dos artistas que deram forma ao “Clube”, o
início da amizade entre seus integrantes e a forma como a convivência
durante uma época tão turbulenta da política brasileira acabou
influenciando na direção de seu repertório.
Seguindo a tendência
de grandes nomes da música mundial embarcarem no mundo dos quadrinhos, a
obra de Laudo Ferreira e Omar Vinõle é um bom ponto de referência por
sua acessibilidade no mercado e por abordar um momento tão emblemático
da cultura brasileira. Feito sob medida para amantes de boa música, a HQ
emociona em vários momentos e torna-se praticamente impossível ignorar a
vontade de se resgatar a obra de artistas como Lô Borges e Milton
Nascimento após seu término. Tudo de maneira simples, tão simples que em
boa parte da leitura nasce o desejo de estar dentro de cada uma
daquelas histórias, dentro do Clube da Esquina.