Sala Especial

O divertido jazz do Snarky Puppy

Eles são muitos (quase vinte membros ao todo), tal qual uma big band, são jovens e sempre fazem fotos sorrindo como se tudo fosse uma grande brincadeira. Tocam magistralmente e tem feito de um dos gêneros mais “sisudos” do mundo da música uma atração de impacto para o público jovem, algo incomum quando comparado aos áureos tempos de Louis Armstrong.

Com mais de uma dezena de registros lançados, o mundo começa finalmente a olhar com maior cuidado para o incrível coletivo Snarky Puppy.

Projeto que passa diretamente pela mente de Michael League (baixista, compositor e produtor do coletivo), o Snarky Puppy vem sendo destaque nos principais canais sobre música por novamente conseguir levar o jazz a um público mais jovem. Com uma linguagem corporal menos rígida e melodias acessíveis, o grupo conseguiu aliar a técnica tradicional do jazz a uma atmosfera similar a de uma brass band de New Orleans.

Com uma formação que costuma variar conforme as excursões do grupo pelo mundo, o Snarky Puppy impressiona por sua desenvoltura ao vivo. Amparado pelo virtuoso baterista Robert “Sput” Searight, o coletivo americano fundado no Texas e baseado em Nova York tem mantido uma agenda cheia enquanto se prepara para lançar em 2016 o álbum Empire Central, disco que promete colocar o grupo de vez no primeiro escalão do jazz mundial.

Atração da edição 2014 do descontinuado BMW Jazz Festival, o Snarky Puppy roubou a cena na mesma noite em que dividiu o palco com nomes como o lendário Bobby McFerrin e a consagrada SpokFrevo Orquestra. Mesmo tendo o jazz como fio condutor, o grupo transpõe no palco influências que passam pelo rock e o funk, tudo com uma atmosfera pop e que não joga para escanteio aqueles que estão se familiarizando com o jazz.

Além disso, esse caldeirão de influências do coletivo americano também tem suas raízes no Brasil. Michael League, líder do projeto, tem um irmão casado com uma brasileira, o que acabou levando-o a ter contato com ritmos como o baião, de onde se inspirou para compor a faixa Tio Macaco para os seus sobrinhos, que passaram a chamá-lo por esse apelido. A faixa está presente no álbum We Like It Here, de 2014, mesmo ano em que o grupo alcançou o primeiro lugar nos charts americanos especializados em jazz.

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Nome de destaque no jazz contemporâneo, o groove do Snarky Puppy o fez colecionar colaborações que passam por nomes como a cantora Erykah Badu, o baixista Marcus Miller, o consagrado Justin Timberlake e até mesmo o rapper Snoop Dogg, uma façanha que o coloca ao lado de nomes como o explosivo Trombone Shorty, responsável por uma revitalização da cena funk/soul de New Orleans.

Porém, mesmo com tanto respaldo, a parceria que talvez tenha rendido mais destaque ao grupo foi com a cantora Lalah Hathaway, cantora americana que gravou o álbum Family Dinner – Volume 1 em 2013. Com a faixa Something, a parceria rendeu em 2014 o Grammy de Melhor Performance de R&B, ambiente que – tecnicamente – foge do tradicional jazz do Snarky Puppy.

No auge da carreira e com novo álbum na manga, o grupo se prepara para entrar 2016 pronto para se tornar ainda maior. Dentro do circuito de festivais e querido por mídia e público, não será surpresa se em breve as comparações com o grupo se espalhem para vertentes distantes do jazz. Boa prova disso é sua nova turnê do pelo Brasil, que terá como abertura o elogiado Bixiga 70 com sua mistura de ritmos brasileiros e afrobeat. Como se bem percebe, com muita técnica e sem medo de experimentar, a diversão do Snarky Puppy está só começando.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.