Filmes

Loki – Arnaldo Baptista

Se a ideia de  André Saddy, diretor do documentário Lóki, era somente contar a trajetória de Arnaldo Baptista, eterno Mutante, ele não conseguiu. Ou melhor, conseguiu com méritos, mas foi além, proporcionando uma verdadeira aventura por dentro de uma das mentes mais geniais da música brasileira.

Lançado em 2008, o documentário joga luz sobre a conturbada história de um artista que como poucos conseguiu transpor para a música tudo aquilo que sentia. Tudo de uma forma tão inocente e pura que seus anjos e demônios transpareceram a cada trabalho lançado.

Da infância até a formação dos Mutantes, a paixão por Rita, a carreira solo e a vida atual, tudo é abordado de forma clara sem beatificar a imagem de Arnaldo, que tem detalhes de todas as suas passagens narradas por algumas de suas amizades mais próximas. São músicos, produtores e amigos que entre causos e acasos revela um mundo colorido e até certo ponto triste que roteirizou um enredo de paixão, loucura e, principalmente, amor, muito amor.

Projeto que engrandece ainda mais a história de Arnaldo Baptista, o documentário preenche uma lacuna que recentemente ganhou outro capítulo, dado que boa parte de sua discografia – há anos fora de catálogo – foi remasterizada e relançada em um box que reúne pérolas de sua discografia, caso do próprio Lóki, lançado na década de 70, e Let It Bed, de 2004.

Existem momentos no documentário onde a reverência por Arnaldo vai além da fronteira do país. História que mostram Sean Lennon e Kurt Cobain são bons exemplos do quanto o público brasileiro desconhece a história de alguns de seus maiores ídolos.

Até mesmo a tentativa de suicídio de Arnaldo é abordada sem papas na língua por cada um dos envolvidos durante o processo de recuperação. Duas das peças primordiais nesse processo são o irmão Sérgio Dias e o baterista Dinho Leme, que narram inúmeras passagens da agonia do tecladista e pianista dos Mutantes em todos os episódios que envolvem o nome de Rita Lee.

Documentário que serve para fãs e até mesmo para aqueles que nunca tiveram a menor ideia de quem foi Arnaldo Baptista, Lóki está a frente de seu tempo tanto quanto seu protagonista esteve ao longo de toda sua vida. Em um trabalho primoroso de edição, ritmos se fundem à cores e histórias com a mesma densidade da alma de Arnaldo, que hoje vive dentro e fora de si uma paz que parece ter sido buscada durante toda a vida.

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Anderson Oliveira

Editor da Revista Som (www.revistasom.com.br) e do Passagem de Som, é formado em Publicidade e Propaganda com pós-graduação em Direção de Arte. Atualmente se aventura pela computação gráfica enquanto luta para completar sua coleção de Frank Zappa.